Estereofotografia

Estereofotografia

"A luz que chega aos meus olhos não é a mesma que chega aos seus."
Albert Einstein.

Abro os comentários dessa edição do Blog SBTVD PAL-M para falar de uma mais deslumbrantes tecnologias: a estereofotografia, ou fotografia em três dimensões.

Inventada por Sir Charles Wheatstone em 1838,  a estereofotografia se baseia num principio muito simples: a visão binocular.

Para entender a importância da visão binocular, faça a seguinte experiência: aponte o dedo indicador para a ponta de seu nariz. Em seguida, feche alternadamente o olho esquerdo e direito.

Você perceberá nitidamente a mudança de ângulo de observação do mesmo dedo e de toda a sua mão.

Através de dois pontos-de-vistas diferentes, o cérebro humano pode realizar uma operação matemática-geométrica de "triangulação", isto é, estimar a profundidade de um certo alvo, a partir de dois pontos de observação distintos. Pois é, qualquer ser humano normal tem dois pontos-de-vistas...

De fato, a sensação de profundidade pode ser obtida com apenas um olho. Basta balançar a cabeça, ou mudar o ponto focal, afinal vivemos num mundo tridimensional.

Faça uma outra experiência: segure uma caneta esfereográfica com a ponta para cima e peça para outra pessoa, cobrindo um de seus olhos,  ponha a tampinha sobre ela. Você vai entender a importância da visão binocular.

As primeiras técnicas de estereofotografia utilizam pares de fotos separadas, observadas através do estereoscópio, uma espécie de binóculos de visão macro.

Abaixo, um sites que mostra os primórdios dessa modalidade de estereofotografia:

https://stereopi.com/blog/art-stereoscopic-photo

Essa modalidade de estereofotografia atingiu o auge em meados do século passado. A empresa View-Master criou um sistema de discos de "slides" (diapositivos fotográficos transparentes em cores) muito prático. Cada disquinho possuia vários pares de fotos. As imagens podiam ser observadas em um estereoscópio dotado de uma alavanca que acionava a troca das imagens. Tive a oportunidade de apreciar belíssimas imagens tridimensionais de Nova Iorque e do Edifício Empire State nesse aparelho. A sensação de realismo é impressionante.


Continua abaixo...



Escrito por Jonas às 08h00
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Estereofotografia II

A "segunda onda" da estereofotografia veio com os sistemas de filtros ópticos. Nesses sistemas, as duas tomadas fotograficas são impressas em uma única chapa bidimensional. Quem vê essas imagens sem os filtros, vê tudo "tremido".

O sistema mais simples de separação das imagens são os filtros ópticos coloridos. Na mesma metade do século passado, os gibis tridimensionais tornaram-se muito populares. Para vê-los, bastava um óculos de cartolina com "lentes" de papel celofane verde e vermelho, ou verde e azul. Fabricar um óculos desses é muito fácil. Basta tesoura, cartolina e celofanes.

Abaixo, um site de estereofotografia baseada na filtragem cromática:

https://jimswallow.com/2019-anaglyph-stereo-photographs/

A televisão também realizou algumas experiências com estereofotografia.

A TV Cultura de S. Paulo  transmitiu alguns filmes com a técnica de filtros cromáticos, no programa "História do Desenho Animado", em meados de 1974.

A invenção do cristal líquido permitiu a criação de mais uma técnica, a estereoscopia por estroboscopia (pisca-pisca).

Na TV, as imagens são renovadas a cada 1/30 de segundo. A imagem é formada em campos alternados, por linhas pares e ímpares. O truque aqui utilizado é enviar um dos ângulos de tomada nos campos ímpares e o outro ângulo em linhas pares.

Através de um óculos "elétrico" com lentes de cristal líquido, as imagens são "obturadas" em sincronismo com a alternância dos campos da TV. O mal desse sistema é que cintila muito...

Um sistema de filtros mais sofiscado utiliza filtros de luz polarizada. Nesse sistema, as cenas são tomadas de dois angulos diferentes com câmaras fotográficas ajustadas para luz polarizada verticalmente e horizontalmente. O observador precisa um óculos especial dotados dessas lentes.

Essa e outras técnicas
https://en.wikipedia.org/wiki/3D_display

A "terceira onda" da estereofotografia veio com o raio LASER: a holografia. A holografia permite o registro de múltiplos ângulos de observação em uma única chapa. Selos holográficos aluminizados estão em toda a parte. Não precisam de filtros, mas ainda padecem de aberração cromática.

Estereofotografia impressa em papel

A "quarta onda" da estereofotografia veio com os estereogramas, a "tridimensionalidade estrábica".
A observação dos estereogramas depende de muita paciência. Nem todos conseguem desfrutar de tal técnica. Acredito que a variação de distância entre pupilas de cada  observador, o tamanho de seu nariz e a outras faculdades oftalmicas podem favorecer ou prejudicar o efeito estereoscópico.

Mais, na Wikipedia:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Autoestereograma


Acredito que a TV digital também vai se aventurar nas experiências de estereofotografia.

Muitas pessoas já tiveram em mãos cartões postais tridimensionais japoneses. Esses cartões utilizam um filtro plástico em forma de micro-veneziana sobre a estereofoto. Através dessa técnica, obtêm-se  excelentes resultados de imagens tridimensionais. Vi um cartão desses, com o trem bala e ao fundo o monte Fuji. Impressionante...

Há notícias de desenvolvimento de telas de TV que produzem imagens em três dimensões sem o uso de qualquer tipo de óculos.

Como em TVD, uma emissora pode enviar vários programas ao mesmo tempo, acho que não vai demorar para a chegada da "quinta onda" da estereofotografia, na tela da TV.

Vamos aguardar...


Adendo [2024]

A Rede TV!  transmitiu TV em três dimensões, no início da TV Digital no Brasil.

Conclusões

A visão estereográfica do ser humano é uma função de curta duração, isto é, é empregada quando precisamos realizar uma tarefa específica, como enfiar a linha no fundo de uma agulha. Logo, uma visão estereográfica de longa duração causa cansaço visual.

Em geral, as pessoas têm uma "visão preferencial".  Faça esse teste: aponte seu dedo para o centro um objeto à meia distância. Mantenha o braço e dedo imóveis. Feche o olho esquerdo e depois o direito. Aquele olho que atingir o centro do objeto é o olho preferencial.

Mas, normalmente quando o assunto cai no esquecimento, alguém o apresenta como se fosse uma grande novidade.